sábado, 20 de setembro de 2008

Montando e adaptando seu próprio treino


Cada um é dono de si mesmo. Cada um conhece a si mesmo. Então não adianta, eu, quanto mais pela internet, montar um treino para você e dizer: “Ahh, esse treino ta ótimo para sua estatura óssea, seu tipo de corpo, seu tipo sangüíneo, seu cabelo, a cor da sua cueca etc” =P

Então o jeito é PESQUISAR, APRENDER E PRATICAR.



Você só será bem sucedido em seu esforço, se pesquisar, aprender e praticar.
Só conhece quem pesquisa. Só sabe quem aprende. Só entende quem pratica.


Existem diversos tipos de treinamento. Treinamento de Volume, de Intensidade, de Força, de Explosão, de Volume E Intensidade, etc.
Você usará o treino conforme seus objetivos...
Sua adaptação...
E seus resultados...

E para cada tipo de treinamento, os inventores denominaram nomes.
Simples!
Por isso aquela confusão de letras e mais letras.
Vou especificar um pouco alguns tipos de treino:

*HIT (High Intensity Training-Treinamento de Alta Intensidade) – É um treinamento de Alta Intensidade, e pouco volume. Arthur Jones (inventor), prega que volume é inversamente proporcional a intensidade. Portanto, quando melhor você exigir de seus músculos, menos terá de treina-los. "Quando você exige o máximo de um músculo em uma série, não há necessidade de fazer outra série, pois esse esforço não pode ser duplicado". TODAS as séries tem que terminar em falha muscular. Não irei me aprofundar mais, tem tudo no Guia dos Preguiçosos.

*GVT (German Volume Training-Treinamento de Volume Alemão) – É um treino volumoso, que consiste executar 10 séries de 10 repetições para músculos grandes, em apenas um exercício. O treino de músculos pequenos é contraditório. O mais comum é de se executar 3 séries de 15 repetições para músculos pequenos. Algumas pessoas pregam 3 séries de 50 repetições para panturrilha. (Ler mais no Guia dos Preguiçosos).

*DFHT (Dual Factor Hypertrophy Training-Treinamento de Hipertrofia de Fator Duplo) - A idéia é simples: você tem um período de treino de volume e outro de intensidade, por isso o nome, Fator Duplo. Ele consiste em executar somente os exercícios básicos: Agachamento, Levantamento Terra, Supino, Desenvolvimento Militar e Remada. Este treino é recomendado semente para praticantes de nível médio e avançado. Iniciantes não devem faze-lo, pois os exercícios são de extrema habilidade, técnica e equilíbrio do praticante, que é o que o iniciante ainda busca.

*DC – Quase nada conhecido, o treino DC, é de alta intensidade, como o HIT, mas menos flexível. Ele prioriza bastante a contagem de séries e uma tabela ou um diário, pois a montagem deste é relativamente difícil. O mais importante do treino, que o difere dos outros, é que imediatamente depois que você terminar o exercício, você vai alongar o músculo. Mas não é um treinamento qualquer, é um alongamento de 60 segundos de muita dor e muito peso.

*MAX-OT – É um treino de intensidade alta, e também de força. Mas ao contrário do HIT, ele prega que a fase concêntrica do movimento (subida), seja explosiva. Mas na fase excêntrica/negativa (descida), dar ênfase ao movimento, ou seja, segurar por 5 segundos aproximadamente. Com o levantamento explosivo, você terá de usar cargas altas. A idéia deste treino veio dos Powerlifters, com o levantamento explosivo.

E existem outros vários tipos de treino, mas esses são os mais conhecidos.
Bom, entendido alguns tipos de treino, você deve considerar seu tempo como praticante de musculação. Digo o tempo que você TREINA de verdade, e não o tempo em que você ficou malhando, sem nenhuma careta e sem nenhuma dor.

Sabendo relativamente como você tem mais resultados, se é com volume, intensidade, força, etc, você irá montar seu próprio treino.
Observe o que vais colocar no início do treino, no meio, no final, quais músculos trabalhar, o tempo de descanso, etc. Tudo conta!
Aí você pensa... “ahh, muito difícil, como vou montar um treino sozinho??”
Aí que entra a PESQUISA. Pesquise muito, sobre tudo, e você terá todas as suas respostas.
Pesquise quais exercícios usam mais quantidade de fibras dos músculos (Tem no próprio Guia dos Preguiçosos), pesquise qual exercício é isolador, qual é composto. Pronto!

Sabendo isso, você vai procurar entender da forma prática.
Veja se você vai se adaptar melhor com um exercício isolador no início do treino, ou se é melhor iniciar o treino com um exercício composto.
Por exemplo, no treino de Peito.
-Voador e Crucifixo (isolador). O Crucifixo recruta mais fibras que o voador por ser de peso livre. Trabalham o peito como um todo, mas enfatizam a parte de dentro do peito.
-Supino com barra e com Halteres (composto). Com halteres recruta mais fibras do que o exercício de barra, mas é “menos” composto, pois força em menor quantidade o tríceps, que é o músculo secundário.
-Supino Reto (composto). Trabalha o peito como um todo, mas enfatiza a parte do meio do peito.
-Supino Inclinado (composto). Trabalha o peito como um todo, mas enfatiza a parte superior do peito.
-Supino Declinado (composto). Trabalha o peito como um todo também, mas enfatiza a parte inferior do peito.

Sabendo os exercícios de peito, você vai decidir (pesquisando), se coloca o exercício isolador (Voador/Crucifixo) no início do treino para fadigar melhor o peito antes dos compostos. No final do treino, quando seu peito já está fadigado, e você terá melhor controle do exercício. No meio do treino, entre dois compostos.

Se você trabalha melhor em volume, adapte o GVT ou outro treino para você ou siga-o ao pé da letra.
Se você trabalha melhor com intensidade e falha muscular, adapte o HIT para você ou siga-o ao pé da letra.
Existem diversas formas de se treinar e estimular seus músculos. O seu trabalho é apenas descobrir qual é mais prática e mais estimulante para você. E você só faz isso... PESQUISANDO, APRENDENDO E PRATICANDO.

sábado, 13 de setembro de 2008

Como Desenvolver as Panturrilhas

A panturrilha é denominada formalmente tríceps sural, recebendo esse nome por ser composta de três músculos: sóleo, gastrocnêmio medial e gastrocnêmio lateral. O sóleo é o músculo mais interno, e atua como motor primário da flexão plantar com a perna flexionada (como no aparelho conhecido por burrico). Os gastrocnêmios são mais superficiais e também fazem a flexão plantar só que sua atuação é mais evidente quando o movimento é realizado com a perna estendida, podendo participar também da flexão do joelho. O desenvolvimento deste grupo muscular talvez seja o maior desafio dos praticantes de musculação, tanto que muitos desistem da tarefa e usam a carga genética para explicar o seu insucesso e justificar sua atitude.

A suposição de que a genética seria determinante deve-se ao fato desta região possuir grandes quantidades de fibras vermelhas, que são menos sujeitas a hipertrofia. Sendo assim, supõe-se que pernas bem desenvolvidas seriam privilégio de pessoas abençoadas que carregam em seu código genético maiores proporções de fibras brancas e, por que não dizer, maiores números de fibras musculares. Contra os pessimistas há uma equação básica da Biologia que diz: fenótipo = genótipo X ambiente. A mensagem codificada nos genes com certeza poderá influenciar seu desenvolvimento muscular, mas você pode melhorar, e muito, esse potencial com um treinamento adequado.

Algumas dicas para desenvolver as panturrilhas são:

1. trabalhe na maior amplitude de movimento possível - desça o máximo que puder e aproveite os momentos de contração, lembre-se: quanto maior for a amplitude de movimento maior o recrutamento de unidades motoras (veja também Amplitude).

2. alongue-se (ver alongamento, IGF-1, hipertrofia....).

3. não esqueça a fase excêntrica - os benefícios da fase negativa do movimento já são bem conhecidos, mas geralmente são negligenciados no treinos de panturrilha

4. esqueça o "burrico" por uns tempos – prefira os aparelhos em que o exercício seja feito com as pernas estendidas, pois assim ativará melhor os gastrocnêmios, que possuem maiores proporções de fibras rápidas que o sóleo. (cerca de 60% para o primeiro e menos 15% para o segundo)
5. treine com intensidade – não faça das séries com repetições muito elevadas seu único método de treino. Como qualquer outro músculo de seu corpo, a panturrilha precisa de intensidade para se desenvolver.
6. mantenha controle do movimento tanto na fase excêntrica quanto na concêntrica – isto lhe proporcionará maior tempo de contração e melhores respostas anabólicas.
7. Leve o treino de perna a sério e não desista – segundo Charles Poliquin: "se fosse imposta uma lei nas academias dizendo que para cada série de bíceps realizada fosse feita uma de panturrilha, daqui a um ano, você veria a média das medidas de panturrilha crescer, no mínimo, cinco centímetros". Concordo com Poliquin e acrescentaria um artigo a esta lei determinando que as séries deveriam ser feitas com a mesma dedicação, concentração e intensidade.

Quanto as drogas localizadas, não tenho conhecimento de nenhuma com efeito a longo prazo que valha o risco. A Synthol tem causado uma onda de amputações e quase levou um fisiculturista profissional a morte (o mesmo pode valer para o ADE). É improvável que os anabolizantes derivados da testosterona atuem seletivamente no músculo em que são aplicados, pois eles caem inevitavelmente na circulação e são difundidos pelo corpo inteiro.

Não estou dizendo que se você seguir meus conselhos seus problemas serão resolvidos, apenas estou apresentando possíveis soluções para este terrível pesadelo dos "marombeiros", e fonte de lucro dos vendedores de calças e bermudões. Lembre-se que qualquer treino exige esforço, persistência e dedicação, por que iria ser diferente com a panturrilha?

Variações em exercícios de musculação - Panturrilh

Uma visão anatômica e biomecânica dos exercícios relacionados ao tríceps sural (Panturrilha).

Pelo próprio motivo histórico da musculação, grandes fisiculturistas criaram variações de exercícios básicos, na procura sempre de proporcionar o maior desgaste possível da musculatura trabalhada, como também, procurando trabalhar diversas porções musculares, variando as angulações. Entretanto, através da pesquisa em eletromiografia, os pesquisadores nacionais e internacionais desmistificaram que estas variações poderiam proporcionar a estimulação de outras fibras musculares.

Este artigo tem como objetivo esclarecer algumas variações usadas hoje em dia e que alguns ‘’experts’’ ainda afirmam possuir efeitos. Como primeira etapa de um conjunto de artigos iremos desmistificar alguns conceitos ainda aplicados ao treinamento de resistência no grupo muscular tríceps sural (panturrilha).

Variações da posição dos pés na flexão plantar sentado.

O primeiro erro são estas variações no aparelho sentado (mais conhecido como ‘’burrinho’’) com calcanhares aduzidos e abduzidos (CARNAVAL, 2001), em que o gastrocnêmio poderia ser afetado pela sua variação na origem das suas 2 cabeças. O ventre lateral tem sua origem no côndilo lateral do fêmur e o ventre medial tem sua origem logo acima do côndilo medial do fêmur (DANGELO & FATTINI, 1991.), entretanto, devido a esta mesma origem, estes músculos estão em posição encurtada (RASCH, 1991), tendo estes músculos uma atuação reduzida para o movimento, e conseqüentemente uma atuação mais intensa do músculo sóleo. Conclusão: os gastrocnêmios não podem potencializar suas contrações musculares.

Variações da posição dos pés na flexão plantar em pé

Alguns poderiam, então, acreditar que estas variações poderiam ser eficazes na execução em pé (DELAVIER, 2000), porém com o joelho totalmente estendido as rotações lateral e medial seriam no nível de coxa, ou seja, de todo membro inferior e não somente na região da perna o que não teria efeito nenhum para o tríceps sural. Teria efeito apenas com uma leve flexão de joelho, citado por RASCH (1991), em que uma leve rotação do joelho é permitida o que novamente iria gerar relaxamento dos músculos, e não um estiramento passivo (lembrando da importância do pré-estiramento para a contração muscular), o que não permitiria a potencia máxima de contração dos músculos (KAPANDJI,1990).

Conclusão (como treinar a panturrrilha)

As variações de angulações, pegadas e posições podem ser eficazes no recrutamento de outras fibras musculares não presente nos exercícios básicos, porém, estes fatos não podem ser utilizados no grupamento do tríceps sural. Para um bom resultado neste grupo o interessante não seria o volume trabalhado chegando para alguns em torno de 45 minutos (ARNOLD, 2001) o que seria um tempo ideal para um treino inteiro e não somente de um grupo muscular.

Trabalhos contínuos como qualquer outro grupo muscular, realizando o trabalho em toda sua amplitude (HAUSSINGER, 1990 & MILLWARD, 1995) como também a utilização de métodos de choques ou de sobrecarga metabólica (ARNOLD, 2001) devido a constituição das fibras musculares serem de resistência (HAY, 1985) e alavanca do tornozelo ser uma alavanca de força (HAY, 1985 & RASCH, 1991) podem proporcionar formas eficientes para ganhos nesta região.

Agradecimento:Felipe Vieira

Panturrilhas: erros e acertos

· Principais músculos envolvidos e sua principal função
- Os principais músculos que compõem a panturrilha são Gastrocnêmio ( cabeça lateral e medial ) e Sóleo – Tríceps Sural. O principal movimento que envolve esse grupo muscular é a flexão plantar ( ponta de pé ).


· Peculiriadades de cada músculo
- O Sóleo é um músculo mais profundo e que se origina abaixo do joelho, e portanto , só pertence a articulação do tornozelo ( HAY, JAMES G. et al, 1983 )1.
- O Gastrocnêmio é um músculo mais superficial e que se origina acima do joelho, fazendo parte assim das articulações do joelho e tornozelo ( HAY, JAMES G. et al, 1983 )1 .


· Diferenças no trabalho de cada músculo
- Com base nas informações acima, veremos a principal diferença no trabalho desses músculos. Quando realizamos o trabalho de flexão plantar sentado ( panturrilha no “burrico”), a ênfase é dada ao Sóleo, já que o Gastrocnêmio se encontra “ folgado”. Quando o trabalho é feito com o joelho estendido ( panturrilha em pé, no leg press etc ), o Gastrocnêmio torna-se agora responsável por grande parte desse trabalho, devido ao pré-estiramento que ele recebe nessa posição e ser um músculo mais potente do que o Sóleo.
Obs: O pré-estiramento é a melhor posição de trabalho para um músculo.
· Erros e acertos
- È muito comum encontrarmos as pessoas realizando esses exercícios com algum tipo de variação, a fim de modificar, intensificar ou mesmo isolar uma determinada região do músculo. As principais são: adução e abdução dos pés ( / \ ou \ / ), na tentativa de trabalhar a parte mais lateral ( externa ) e respectivamente a medial( interna ). Isso se trata de uma tentativa equivocada, já que esses músculos possuem uma mesma inserção e as estruturas que formam essa inserção percorrem um trajeto com a mesma direção no membro, com isso essas variações não promovem nenhuma modificação no seu trabalho. O que vale é a intensidade do trabalho e uma boa amplitude do movimento. Prenda-se a isso!
- Outro erro comum é realizar o trabalho desses músculos com pouca freqüência semanal – o ideal é treiná-los três vezes por semana.
- O treino desse grupamento muscular utiliza um número de repetições mais alto ( 15 – 20 reps). Isso se deve principalmente à constituição de fibras do Sóleo, que apresenta uma grande quantidade de fibras vermelhas - mais resistentes ( HAY, JAMES G. et al, 1983 )1 .
- Esse grupo muscular deve ocupar um lugar de grande importância em treinamentos resistidos – o Sóleo é um importante músculo postural ( HAY, JAMES G. et al, 1983 )1 e o Gastrocnêmio por também cruzar a articulação do joelho auxilia de forma eficaz a sua estabilidade, além de sua função locomotora.


Fonte: http://www.treinohardcore.com


Lembrando que,cada um é cada um, pessoas diferentes, execuções diferentes, exercícios diferentes, descanso diferente, repetições diferentes, teremos resultados diferentes, pra cada um funciona de um jeito.

As principais são: adução e abdução dos pés ( / \ ou \ / ), na tentativa de trabalhar a parte mais lateral ( externa ) e respectivamente a medial( interna ). Isso se trata de uma tentativa equivocada, já que esses músculos possuem uma mesma inserção e as estruturas que formam essa inserção percorrem um trajeto com a mesma direção no membro, com isso essas variações não promovem nenhuma modificação no seu trabalho. O que vale é a intensidade do trabalho e uma boa amplitude do movimento. Prenda-se a isso!


Sei lá eu sinto diferença, se os pés forem posicionados de forma diferente, talvez um estimulo diferente?
não seria válido as variações?

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O Ferro nunca mente pra você

Achei em outra comunidade e achei interessante colocar aqui para vocês...

Desculpem, não me recordo do nome da pessoa que traduziu esse texto fantástico, por isso, resolvi postar para dar um incentivo a mais pro pessoal:

Acredito que a definição da definição é reinvenção. Não ser como seus pais. Não ser como seus amigos. Ser você mesmo. Completamente.

Quando eu era jovem, não tinha nenhuma noção de mim mesmo. Tudo o que eu era, era um produto de todo o medo e humilhação que sofri. Medo dos meus pais. A humilhação dos professores me chamando de “lata de lixo” e me dizendo que eu não passaria de um cortador de grama quando crescesse. E o terror total dos meus colegas da escola. Eu era ameaçado e espancado por causa da cor da minha pele e do meu tamanho. Eu era magrelo e desajeitado, e quando me provocavam eu não corria para casa chorando, imaginando o porquê. Eu entendia tudo aquilo muito bem. Eu estava ali para ser hostilizado. Nos esportes eu era motivo de riso. Um nerd. Eu era bom no boxe por causa da raiva que preenchia cada momento da minha vida, que me tornou selvagem e imprevisível. Eu lutava com uma estranha fúria. Os outros garotos achavam que eu era louco.

Eu odiava a mim mesmo, o tempo todo. Tão idiota como isso parece agora, eu queria falar como eles, me vestir como eles, carregar a mim mesmo com a tranqüilidade de saber que eu não iria levar porrada no corredor entre as aulas. Anos se passaram e eu aprendi a guardar isso tudo lá dentro. Eu apenas falava com alguns garotos na minha série. Outros coitados. Alguns deles são hoje as melhores pessoas que já conheci. Bata um papo com um cara que teve sua cabeça enfiada numa privada algumas vezes, trate-o com respeito, e você terá encontrado um amigo leal para sempre. Mas mesmo com amigos, a escola era um saco. Os professores pegavam pesado comigo. Eu também não tinha a menor consideração por eles.

Então veio o Sr. Pepperman, meu orientador. Ele era um gigantesco veterano do Vietnã, e era assustador. Ninguém nunca conversava fora de hora em suas aulas. Uma vez um menino fez isso e o Sr. P. levantou o moleque do chão e pendurou-o na lousa. Sr. P. pôde ver que eu estava fora de forma, e numa sexta-feira em outubro ele me perguntou se eu já havia alguma vez treinado com pesos. Eu respondi que não. Ele me disse que eu iria pegar uma parte da grana que eu tinha guardado e comprar um kit de pesos na Sears. Quando eu saí da sala dele, eu comecei a pensar nas coisas que eu falaria para ele na segunda-feira quando ele perguntasse sobre os pesos, os quais eu não iria comprar. Mesmo assim, me fez sentir especial. Meu pai nunca chegou a se importar desse jeito. No sábado eu comprei os pesos, mas eu mal conseguia levá-los para o carro da minha mãe. Um atendente riu de mim quando eu coloquei os pesos no carrinho.

Chegou a segunda-feira e fui chamado na sala do Sr. Pepper depois da aula. Ele disse que iria me ensinar como treinar. Ele iria me colocar num programa de treinamento e me dar um soco na boca do estômago quando eu estivesse distraído no corredor. Quando eu pudesse agüentar a porrada nós saberíamos que estamos conseguindo alguma coisa. Em nenhum momento eu poderia me olhar no espelho ou contar para os outros o que eu estava fazendo. Na academia ele me mostrou dez exercícios básicos. Eu prestei atenção como nunca havia prestado nas aulas. Eu não queria estragar essa chance. Eu voltei para casa naquela noite e comecei imediatamente.

Semanas se passaram, e de vez em quando Sr. P. me dava uma porrada e me derrubava no corredor, fazendo meus livros voarem. Os outros alunos não sabiam o que pensar. Mais semanas se passaram, e eu estava constantemente adicionando mais pesos na barra. Eu podia sentir a força crescendo dentro do meu corpo. Eu podia sentir.

Pouco antes do recesso de Natal eu estava indo para a aula, e do nada o Sr. Pepperman apareceu e me deu um soco no peito. Eu ri e continuei andando. Ele disse que agora eu poderia me olhar no espelho. Fui para casa e corri para o banheiro e levantei minha camiseta. Eu vi um corpo, não apenas a casca que guardava meu estômago e meu coração. Meu bíceps inchado. Meu peito definido. Me senti forte. Foi a primeira vez que me lembro de ter tido uma noção de mim mesmo. Eu tinha conseguido algo e ninguém nunca poderia tirar isso de mim. Você não poderia dizer porra nenhuma para mim.
Levei anos para apreciar totalmente o valor das lições que eu aprendi com o Ferro. Eu pensava que ele era meu adversário, que eu estava tentando levantar algo que não queria ser levantado. Eu estava errado. Quando o Ferro não quer sair do chão, é a coisa mais gentil que ele pode fazer a você. Se ele voasse até o teto, ele não te ensinaria nada. Esse é o jeito que o Ferro fala com você. Ele diz que o material com o qual você treina a favor, é com o qual você irá se tornar semelhante. E aquele com que você treina contra, sempre estará contra você.

Não foi antes dos meus vinte e poucos anos que eu aprendi que treinando eu tinha me proporcionado uma grande bênção. Eu aprendi que nada de bom é conseguido sem trabalho e uma certa dor. Quando termino uma série que me deixa tremendo, eu sei mais sobre mim mesmo. Quando algo fica ruim, eu sei que não pode ser tão ruim como aquele treino.

Eu costumava lutar contra a dor, mas recentemente isso se tornou claro para mim: a dor não é minha inimiga; é o meu chamado para a grandeza. Mas quando se trata com pesos, é preciso cautela para interpretar a dor corretamente. A maioria das lesões envolvendo o Ferro são causadas pelo ego. Um vez eu passei algumas semanas puxando um peso que o meu corpo não estava pronto e então passei alguns meses não podendo levantar nada mais pesado do que um garfo. Tente levantar algo que você não está preparado e o Ferro irá te ensinar uma pequena lição sobre limite e auto-controle

Eu nunca conheci alguém realmente forte que não tenha auto-respeito. Quando vejo caras treinando por razões cosméticas, eu vejo a vaidade os expondo da pior maneira possível, como personagem de um desenho, cartazes para o desequilíbrio e insegurança. A força se revela através do caráter. É a diferença entre os que desistem, os que só querem um braço forte, e o Sr. Pepperman.

Massa muscular nem sempre é igual à força. Força é bondade e sensibilidade. Força é entender que a sua força é tanto física como emocional. Que ela vem do corpo e da mente. E do coração.

Yukio Mishima disse que ele não poderia admitir a idéia de romance se ele não fosse forte. Romance é uma paixão tão forte e avassaladora, um corpo fraco não poderia manter isso por muito tempo. Eu tenho alguns dos mais românticos pensamentos quando estou com o Ferro. Uma vez eu estava apaixonado por uma mulher. Eu pensava nela ainda mais quando a dor do treino estava percorrendo meu corpo.

Tudo em mim queria aquela mulher. Tanto que o sexo era apenas uma fração do meu desejo total. Era o mais intenso amor que eu já havia sentido, mas ela morava longe e eu não a via muito freqüentemente. Treinar era uma forma saudável de lidar com a solidão. Atualmente, quando treino, eu normalmente escuto músicas românticas.

Eu prefiro treinar sozinho. Isso permite que eu me concentre nas lições que o Ferro tem para mim. Aprender sobre do quê você é feito é sempre um tempo bem gasto, e eu não achei nenhum professor melhor. O Ferro me ensinou a viver. A vida é capaz de conduzir à loucura. Do jeito que as coisas estão hoje, é um milagre que você não esteja louco. As pessoas se tornaram separadas de seus corpos. Elas não mais são inteiras.

Eu vejo as pessoas se moverem de seus escritórios para seus carros e para suas casas suburbanas. Elas se estressam constantemente, perdem o sono, comem mal. E se comportam mal. Seus egos correm soltos; elas se tornam motivadas por aquilo que mais tarde causa a eles um colapso. Eles precisam da Mentalidade do Ferro.

Através dos anos, eu combinei meditação, ação e o Ferro em uma única força. Eu acredito que quando o corpo é forte, a mente tem pensamentos fortes. Tempo gasto longe do Ferro mas minha mente se degenerar. Eu entro em depressão. Meu corpo desliga minha mente.

O Ferro é o melhor antidepressivo que eu já encontrei. Não há jeito melhor de combater a fraqueza do que com a força. Uma vez que a mente e o corpo tenham sido despertados para o seu verdadeiro potencial, é impossível voltar atrás.

O Ferro nunca mente para você. Você pode andar por aí e ouvir todo tipo de conversa, ouvir falarem que você é um deus ou um total bastardo. O Ferro sempre vai dizer a verdade na sua cara. O Ferro é o maior ponto de referência, é o que nos dá a visão do todo. Está sempre lá, como um farol na escuridão. Eu encontrei no Ferro o meu maior amigo. Ele nunca surta comigo, nunca foge. Amigos vem e vão. Mas cem quilos são sempre cem quilos.